Antes de depoimento ao MP, gabinete de Carlos Bolsonaro reuniu investigados e advogados

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Carlos Bolsonaro está na mira no MP desde meados do ano passado (Foto: Sérgio Lima AFP/via Getty Images)

Semanas antes de prestarem depoimento, três ex-assessores do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) foram vistos na presença de advogados em encontro com o parlamentar na Câmara dos Vereadores do Rio, em 30 de outubro do ano passado. As informações foram relevadas pelo jornal O Globo.

A visita ocorreu uma semana antes deles prestarem depoimentos ao MP no procedimento que apura, desde julho de 2019, a existência de um esquema com funcionários fantasmas e “rachadinha” na equipe do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo o jornal O Globo, imagens da portaria e documentos da Câmara Municipal do Rio, obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostram ex-assessores de Carlos chegando ao Palácio para ir ao gabinete dele. Nenhum deles frequentava a Câmara regularmente.

Além dos assessores, novas imagens revelam que também estiveram no mesmo encontro advogados que os assistem na investigação. Uma das advogadas presentes, Juliana Regina de Souza Silva, admitiu que participou do encontro “a pedido do escritório onde trabalhava” com o objetivo de ajudar seus clientes.

“Estive no gabinete do vereador sim, e não me recordo a data, a pedido do escritório em que trabalhei, para entender o que estava acontecendo. Os clientes sequer imaginavam o que estava ocorrendo. É única coisa que sei sobre o procedimento em si. Não atuo no caso, nem possuo mais acesso aos autos ou qualquer informação atualizada”, afirmou a advogada.

O registro da chegada da advogada ocorreu minutos depois de Neula, Rafael e Rodrigo Góes, mãe e filhos e ex-assessores investigados, entrarem no prédio minutos antes naquele dia.

Junto com a advogada também chegou na manhã do dia 30 de outubro Alberto Sampaio de Oliveira Júnior, advogado com quem ela trabalhava. Oliveira afirmou que teria ficado no gabinete “uns cinco minutos, no máximo”.

No entanto, os registros da Câmara mostram que ele ficou mais de duas horas no local. Segundo o jornal, as imagens também mostram que ele esteve no gabinete de Carlos no dia anterior, mas sozinho.

“O dia que eu fui, tinha que falar com ele (Carlos), pedi para subir, mas a gente não conversou com assessores, não. Isso aí é falácia”, justificou. O advogado, porém, não explicou o motivo do encontro e alegando que não possui procuração da família Góes.

Oliveira disse ainda que considera comum a busca de aconselhamento jurídico por pessoas intimadas a prestar esclarecimentos.

“Até seria antiético falar de um processo em que não estou. Agora, em relação à minha ida, eu preferia responder da seguinte maneira: os assuntos tratados dentro do gabinete, independente da presença de quem, estão restritos à esfera profissional, da advocacia, e que são resguardados o sigilo. Para mim, é indiferente quem eram as pessoas que estavam lá”, completou.

Procurada pelo jornal, a família Góes não se manifestou e afirmou que o gabinete de Carlos Bolsonaro responderia quaisquer questionamentos. A defesa do vereador não retornou.

Carlos Bolsonaro está na mira no MP desde meados do ano passado. Ele é suspeito por ter empregado sete parentes de Ana Cristina Valle. Dois deles admitiram que nunca trabalharam, embora estivessem nomeados. O caso é investigado pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), o mesmo responsável pela investigação sobre Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz.

Fonte: Yahoo