Coronavírus: Bolsonaro é alvo de panelaço pelo segundo dia seguido

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Marcos Corrêa/PR/Divulgação

Nesta quarta (18), diversas capitais do Brasil registraram “panelaços” contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por causa da reação do chefe de Estado durante a luta contra a pandemia do coronavírus.

Os protestos começaram de forma adiantada, ainda na terça (17), quando alguns brasileiros bateram panelas nas janelas durante a exibição do “Jornal Nacional”, da TV Globo, que mostrou matérias sobre o impacto da pandemia no Brasil.

O ato desta quarta contra Bolsonaro estava marcado para as 20h30, mas, em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, alguns moradores anteciparam a mobilização, simultaneamente a um pronunciamento do presidente anunciando medidas contra a doença.

Em Copacabana, zona sul do Rio, houve gritos de “Acabou” e “Fora”, além de algumas reações contrárias, como “Fora petralhas”. Também houve em bairros como Laranjeiras, Humaitá e Leblon.

Reduto bolsonarista, Águas Claras, no Distrito Federal, também teve panelaço antecipado contra Bolsonaro, além de gritos contra o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em São Paulo, as manifestações aconteceram em prédios na Casa Verde, na zona norte de São Paulo, no Brooklin Novo e na Saúde, na zona sul, e por toda a região central. Pelas ruas, também houve buzinaço, xingamentos e menções a milicianos.

No bairro Paraíso, os manifestantes tocaram bumbo. Nos Jardins, foi ouvido o slogan “Ele não”, usado por opositores na eleição presidencial de 2018. Na região central, em meio ao panelaço foi tocada a música “Apesar de Você”, de Chico Buarque.

Na Vila Buarque, no centro, os manifestantes também projetaram um letreiro que dizia “Fora Bozo” em um edifício.

A tática de protestar com uma projeção em fachada também foi usada no centro de Porto Alegre.

Houve ainda panelaço no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte, no Recife, na localidade da Madalena, e em Salvador, nos bairros Pituba e Rio Vermelho.

O panelaço também foi expressivo no centro de Curitiba, capital onde o presidente fez 76% dos votos no segundo turno.

Bolsonaro, que já se referiu à dimensão da doença como “fantasia”, dizendo haver “histeria” da população, tentou reagir nesta quarta, após perder apoio inclusive entre alas conservadoras.

Modulando seu discurso público, passou a reconhecer que a situação é grave, embora não tenha demonstrado arrependimento de ter participado de ato no último domingo (15), contrariando recomendação do Ministério da Saúde.

O presidente afirmou nesta quarta-feira (18) que o panelaço do dia anterior foi uma “manifestação da democracia”, e convocou apoiadores a realizar ato semelhante, pró-governo, às 21h desta quarta, meia hora após o protesto da oposição.

História dos “panelaços”
Pesquisadores apontam a origem do hábito de bater panelas para expressar descontentamento na Europa da Idade Média, quando encontros conhecidos como “charivari” reuniam moradores de vilarejos a fim de protestar contra um casamento ou para constranger um devedor a pagar seu credor.

Os panelaços, ou “cacerolazos”, como são mais conhecidos na América Latina de língua espanhola, se consolidaram como parte da história política de vários países na região, sendo usados por militantes tanto da esquerda como da direita.

Fonte: Yahoo